terça-feira, 21 de setembro de 2010

Gramática básica.

Costumo dizer e ensinar em ocasiões informais que a gramática que se usa como referência na sociedade é a normalização de regras do padrão culto da língua.

A língua não se esgota no padrão culta dela. Embora esse padrão seja importantísimo até como fator de sobrevivência e evolução da mesma língua.

Então: aprender a norma culta, expressa na gramática normativa, sim. Mas não desprezar a linguagem coloquial.

O aprendiz do idioma, por exemplo, deve aprender a gramática gradualmente e sem ser violentado por não se aceitar seu jeito próprio de falar.Aprender a norma culta para fazer a inserção cultural necessária a todo ser humano em seu desenvolvimento verdadeiro, para a inserção no mercado de trabalho, para ajudar a transformação do mundo tal qual está configurado.

E nessa perspectiva qual seria a gramática básica, aquela imprescindível?

Fonética, Morfologia, Sintaxe.

Fonética: entender o que são fonemas, um pouco do aparelho fonético (de preferência interdisciplinarmente com professor de ciências ou biologia no caso de aprendizado escolar), vogais, semi-vogais, consoantes, etc. Mas sem entrar em questiúnculas como a compreensão da assustadora tabela que trata de especificar os fonemas. É fundamental a compreensão fonética da língua afinal foi foneticamente que ela começou.

Morfologia (Estrutura e formação de palavras. Classe de palavras.)

É  fundamental compreendermos como a palavra se estrutura! É fácil, lógico, imprescindível a tudo o mais. Mas quantos sabem isso? Quantos alunos estão escravizados à regrinhas e mais regrinhas de como "escrever certo" sem a devida consciência do básico... Pois é sumamente básico compreender a estrutura da palavra: radical, morfema, etc.

E sobre classe de palavras: quantos teem a noção de que tudo o que falamos e escrevemos esta classificado numa ou noutra classe (tipo) de palavra? Aqui eu diria que é fundamental isso: evidenciar o sentido da classificação, mostra-se que são 10 no caso da língua portuguesa, que noutras línguas (inglês, esperanto, etc) existe algo semelhante. Que cada classe representa um tipo de palavra: a que indica ação normalmente, a que indica uma característica do ser, a que nomeia as cosias existentes, etc. Só depois dessa noção macro e sincrética deveríamos desmembrar o assunto noutros tópicos também importantes. Mas sem excessos no caso de aprendizado escolar. Pois se houver excesso na escola pode-se cair no erro frequente de acumular regras na cabeça dos alunos sem criar consciência da língua, gosto por ela. E sem se dedicar à redação, leitura e interpretação, sondagem na literatura, leitura aguda dos textos e hiper-textos digitais.

Sintaxe: é fundamental esclarecer que podemos estudar a palavra isoladamente como no caso da morfologia ou a interação das palavras na frase que é a sintaxe. Algo como anatomia e fisiologia em biologia. Mais necessário do que saber identificar se uma oração é subordinada substativa... é compreender a relação de coordenação e de subordinação. Compreender a importâncias das palavras conectivas, Sinceramente, como aprendizado básico: basta ensinar os dois tipos de oração coordenada e os três tipos de oração subordinada. Sem entrar no detalhamento da subordinação! Sem cair no desdobramento minucioso do assunto. Frase, oração, perídodo, coordenação, subordinação. São noções que precisam estar claríssimas. Mas vemos pessoas habilitadas a classificar que tipo de oração subordinada está lendo sem a devida consciência da sequência lógica frase, oração, etc...

Existe uma lógica na língua. Quando a gente tem esse enfoque e consegue ver a logicidade da mesma tudo fica mais fácil. Falo aqui de uma lógica acessível a todas as pessoas, uma lógica derivada das experiências cotidianas das pessoas, do senso comum, das noções intuitivas. Se eu afirmo: o carro é quadrado e redondo! Você dirá: Não, ele deve ser quadrado ou redondo. Nunca as duas coisas ao mesmo tempo.

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