terça-feira, 5 de outubro de 2010

Agenda 21. Limites e possibilidades.

Nós aqui já fomos entusiásticos pela Agenda 21 na década passada. Geramos artigos em jornal, programas em rádio comercial e em rádio comunitária legalizada, eventos, cursos, etc

Contudo depois de alguns anos de militância agendina21 concluímos: é muito menos do que propões ser, é algo praticamente irrealizável tal qual seu texto original.

É uma ingenuidade supor que possa haver um plano de ações em escala mundial que possa ser implementado.

É urgente consenso profundo sobre rumos, sobre a visão a se adotada. Mas não é cabível detalhar isso num plano minucioso e desligado de um processo de planejamento contínuo.

A maior parte das metas da Agenda 21 não foram cumpridas. O que não quer dizer que as idéias lá presentes não tenham avançado neste mundo tenebroso.

É preocupante: Estados Unidos e China têm a sua Agenda 21 Nacional... Num dos capítulos da Agenda 21, chamada global (a original criada na Rio 92), menciona-se a importância dos países e regiões também fazerem as suas agendas 21. Seus planos de desenvolvimento sustentável.

O Brasil tem a sua Agenda 21 criada entre 1997 e 2002 mas está como algo irrelevante para o país. Não tem gerado nenhum rumo para a nação brasileira...

Cidades que fizeram a sua Agenda 21, com a troca de governos, perderam o senso de continuidade... Embora uma Agenda 21 não seja plano de governo e sim algo, teoricamente, fruto de consenso entre sociedade e poder público.

A própria ONU tem criado outros textos mais referenciais para o desenvolvimento: Os 8 Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, o absurdo "Plano de Implementação" da Agenda 21 Global... Um plano para implementar outro plano... O ideal seria rever o plano e não criar outro para implementar o primeiro que já está defasado.

No decorrer deste tempo surgiu a diferenciação entre o "desenvolvimento sustentável" (acelerar o desenvolvimento puxado pelo protagonismo dos países do Norte) e "sustentabilidade" uma característica do desenvolvimento com mais autonomia de criar o futuro comum.

Esta é nossa opinião sobre a Agenda 21 enquanto proposta de planejamento estratégico, participativo e sustentável.

Isso não significa que sejam ruins os processos existentes de agenda 21 local (regional, municipal, institucional). Apenas não somos mais os entusiastas de antes devido aos motivos expostos.

Na verdade não é um único plano, um único processo, uma única megamobilização que dá conta da complexidade dos problemas, conflitos e interesses presentes na sociedade.

É a configuração de diversas iniciativas inovadoras, em diversos níveis, em diversas áreas rumo a um outro mundo possível é que nos aproxima desse ideal de um futuro comum solidário.

As escolas que porventura estejam fazendo Agenda 21 tem que rever o projeto político pedagógico e o sistema de gestão. Se a convocação sustentável se restringir a tópicos de meio ambiente mais intensamente circulando no prédio e nas salas...

Realmente precisamos de agenda. Mas a Agenda 21 tal qual pretendeu ser precisa ser acolhida com discernimento das suas reais possibilidades e limites.

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