terça-feira, 28 de setembro de 2010

Sistema público de perdão

É sublime o que tem acontecido em Ruanda após o genocídio de 1994 no que se refere a prática do perdão.

O Governo iniciou a muito tempo, quando ainda as lágrimas caiam, um sistema de pedido de perdão e de oferecimento de perdão.

Frente a frente assassinos e sobreviventes num esperançoso mover de reconciliação.

Um vizinho que matou toda uma família diante de uma jovem que sobreviveu recebendo publicamente o perdão dela.

Alguém poderá dizer que muito provavelmente faltará autenticidade nesses gestos de perdão.

Contudo quem está dentro de cada um que perdoa para afirmar que algo não é visceralmente verdade?

Além do mais trata-se de estimular a cura de feridas interiores coletivas, chagas emocionais potencialmente propulsoras de novas agressões, de revanches.

Nós que nem sempre nos esforçamos em perdoar quem está perto de nós em seus deslizes pequenos e médios...imaginemos o que é aceitar que um assassino de sua família continue lado a lado de você sem repercussões prisionais.

Ocorre lá em Ruanda algo parecido com a Anisitia ampla e irrestrita numa escala fenomenal.

Sim, um outro mundo é possível e quem pratica o perdão em Ruanda perante seus algozes sinaliza um futuro solidário para o planeta.

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